segunda-feira, 13 de outubro de 2008

De Quintana



O palanque para os convidados está armado na Travessa dos Cataventos. Mario aproxima-se da multidão de milhares de pessoas, que, ao vê-lo, abre um corredor e começa a gritar o seu nome e a jogar papel picado. Mal escondendo a emoção, ele segue com seu passo trôpego amparado pela bengala até o palanque. Já estão todos lá, o governador, o prefeito, e outras autoridades, para a abertura oficial do maior centro cultural de Porto Alegre com sua programação de literatura, cinema, teatro, música, e distribuição de material didático e de pesquisa sobre o poeta. Enquanto aguarda sua vez de dizer algumas palavras, Mario tenta escutar os enfadonhos elogios anunciados pelas autoridades, mas é vencido pela vontade de isolar-se e ficar falando sozinho:

Meu bonde passa pelo Mercado

Mas o que há de bom mesmo não está à venda,

O que há de bom não custa nada.
Este momento de euforia é a flor da eternidade.

E essa minha alegria inclui também

minha tristeza...

De súbito, Mario é trazido de volta ao convívio do palanque quando um dos oradores pronuncia seu nome com mais veemência. Mario olha para o orador e acrescenta, por trás de um sorriso:

- a nossa tristeza...
Tu não sabias, meu companheiro de viagem?
Todos os bondes vão para o infinito!

sábado, 9 de agosto de 2008

Daquilo que eu sei



Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza...

Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo foi concebido...

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah eu usei todos os sentidos
Só não lavei as mãos
E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!


Ivan Lins

domingo, 27 de julho de 2008


Há dentro da gente um monte de muros, barreiras que erguemos as vezes sem nos dar conta. Há também o desejo, vez por outra, de espiar o que tem do outro lado. Quando aproveitamos a coragem que nos vem e derrubamos o muro, o que vemos é sempre válido, sempre especial mesmo que não seja exatamente aquilo que esperávamos. Vale a experiência, a oportunidade dada a si mesmo. Vale pra compreender melhor que a vida da gente é unica e que portanto ousar olhar tudo o que se tem direito é o melhor caminho sempre.

domingo, 22 de junho de 2008

Música



É um mergulho em outro mundo
Um mundo de sorrisos e contentamento! :)

sábado, 14 de junho de 2008

A ton etoile



Sous la lumière en plein
Et dans l'ombre en silence
Si tu cherches un abri
Inaccessible
Dis toi qu'il n'est pas loin et qu'on y brille

A ton étoile

Petite sœur de mes nuits
Ça m'a manqué tout ça
Quand tu sauvais la face
À bien d'autre que moi
Sache que je n'oublie rien mais qu'on efface

A ton étoile

Toujours à l'horizon
Des soleils qui s'inclinent
Comme on a pas le choix il nous reste le coeur
Tu peux cracher même rire, et tu le dois

A ton étoile

A Marcos
A la joie
A la beauté des rêves
A la mélancolie
A l'éspoir qui nous tient
A la santé du feu
Et de la flamme

A ton étoile

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Alvorada



Alvorada
Lá no morro que beleza
Ninguém chora não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo
É tão lindo
E a natureza sorrindo
Tingindo, tingindo

Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Quase nada
Do que ir assim vagando
Numa estrada perdida

Cartola

domingo, 20 de abril de 2008

A Verdadeira Arte de Viajar


"A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali…
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

domingo, 30 de março de 2008

Sonhando


"E eu que achava que soninho era soneto
Mas não é não, é dois quartetos e dois tercetos
Quero sonhá-lo em cada vão momento
O pequeno som desse soneto
Se sento e leio fico sonolento
Se sono sonho a cada vão momento
Se sonho acaba fico rabugento
Quero sonhar o sono do soneto
Que infância boa àquela do soneto
De longos sonhos sem ressentimentos
De amor de colo e de acalento
Mas agora sigo junto ao vento
De braços dados feio um cumprimento
Nesse sonho nos meus aposentos"

quarta-feira, 26 de março de 2008

Reticências

"Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!

Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!

Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra..."

sábado, 22 de março de 2008

Prece

"Gosto quando me ama
Sem explicar muito bem
E deixa, jogados no chão,
Plurais da vida
Que não conjugamos
E o espasmo
De qualquer agradecimento.

Depois, te ver dormir
Como quem morre
Numa fotografia.
Como quem posa
Para embelezar o gesto
E fugir do gosto do acaso.

Nada é mais terno
Que o contraste da fronha
Com teus cabelos negros
E a revelação exata
De todos os meus medos
De te perder"

quinta-feira, 13 de março de 2008

Da crônica "o amor acaba"

"(...) uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba. "

sexta-feira, 7 de março de 2008

Muita saudade!!



Video pequeno, mas suficiente pra me fazer chorar de saudades das delícias que permeavam minha infância.

terça-feira, 4 de março de 2008

Eu gosto de xilofone.



Dá aquela idéia de musiquinha pra criança. Minhas lembranças de criança sempre me comovem. Acho que eu trago muito da doçura daquele tempo pq me encanto escancaradamente com as coisas mais "tolas" e pq me divirto com a firmeza daquela natureza infantil que não teme quando faz uma pergunta. Minha alma é "brincante". Ser assim é tão gostoso quanto empurrar alguém e sair correndo
(com o som do xilofone ao fundo).

A quoi ça sert l'amour?



A quoi ça sert, l’amour ?
On raconte toujours
Des histoires insensées
A quoi ça sert d’aimer ?

L’amour ne s’explique pas !
C’est une chose comme ça !
Qui vient on ne sait d’où
Et vous prend tout à coup.

Moi, j’ai entendu dire
Que l’amour fait souffrir,
Que l’amour fait pleurer,
A quoi ça sert d’aimer ?

L’amour, ça sert à quoi ?
A nous donner d’la joie
Avec des larmes aux yeux…
C’est triste et merveilleux !

Pourtant on dit souvent
Que l’amour est décevant
Qu’il y a un sur deux
Qui n’est jamais heureux…

Même quand on l’a perdu
L’amour qu’on a connu
Vous laisse un gout du miel -
L’amour c’est éternel !

Tout ça c’est très joli,
Mais quand tout est fini
Il ne vous reste rien
Qu’un immense chagrin…

Tout ce qui maintenant
Te semble déchirant
Demain, sera pour toi
Un souvenir de joie !

En somme, si j’ai compris,
Sans amour dans la vie,
Sans ses joies, ses chagrins,
On a vécu pour rien ?

Mais oui! Regarde-moi !
A chaque fois j’y crois !
Et j’y croirait toujours…
Ça sert à ça l’amour !

Mais toi, tu es le dernier !
Mais toi’ tu es le premier !
Avant toi y avait rien
Avec toi je suis bien !

C’est toi que je voulais !
C’est toi qu’il me fallait !
Toi que j’aimerais toujours…
Ça sert à ça l’amour !

sábado, 1 de março de 2008

Mar belo



Meu nome significa mar belo. Gosto dele.
Sou inconstante tal como as ondas que vão e vêm
Ora serena, ora agitada, entre tormentas e calmarias
tento ser navegável.
O que em mim flutua não é meu
Apenas passa
Me ofereço em ondas e espuma
me desfaço e refaço
Nem sempre belo, mas sempre mar
Mar de amor terno e eterno
que tenta, arrebenta
insiste e existe em mim.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Ter que esperar



"O tempo é que vai passar
a gente só vai rodar na mesma ilusão
de recomeçar
jogue tudo pro ar
eu estou a flutuar na ilusão
fácil de alcançar"

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Silêncio



Mesmo quando não dita
a palavra atua no sentido de ter existência real
Muda, mostra o caminho para que permita
àquele que quer que a omita
a leitura silenciosa do meu ser em cada oração
Na mão esquerda a caneta desenha
meus sentimentos na contramão
Em ondas serenas de tinta permanente
surgem palavras descontentes
Sigo a risca meu dever só falando o essencial
desorganizo o pensamento
e contrario meu querer num ponto final.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

I'm not awake yet



"I'm not awake yet, I haven't opened my eyes
But I haven't been late yet, I'm gonna to be on time
For today's the day that you are coming back
And I can't wait to see you materialize
How much can I take now before I break inside?
How long will it take now before I realize,
That I can't live without you by my side,
And nothing else will keep me satisfied?
I've looked at my heart now and I trusted my eyes
I made that mistake now ain't gonna make it twice
But time can put the man on the other side
And I can't wait to see what's left behind
I'm not awake yet, I haven't opened my eyes
I haven't been late yet
Gonna be on time, gonna be on time,
gonna be on, gonna be on time
But today's the day that you are coming back,
And I can't wait to see you materialize."

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Vocação pra super-heroína??



Como muitas crianças eu também desejei fazer parte da Liga da Justiça e salvar o mundo de todo o mal. Depois de querer ser noiva (que pra mim era uma profissão) eu acalentava o sonho de ser a Mulher Maravilha e mais do que obrigar o malfeitor a falar a verdade com o laço mágico ou voar naquele avião invisível, eu queria ter aqueles olhos azuis que em conjunto com os cabelos pretos davam a Diana Prince uma beleza ímpar. Tá bom que naquela época não se tinha assim tantas opções de escolha em matéria de super-heroínas. Aliás, ainda me pergunto porque até hoje elas ainda são minoria tendo em vista que hoje, mais do que nunca, a mulherada cumpre dupla jornada de trabalho e em alguns casos quem sabe até uma tripla jornada. Super-heroína, secretária e dona de casa dedicada que prepara o jantar, põe a roupinha pra lavar, ajuda os filhos nos deveres de casa, aparta as brigas, fica linda e perfumada pra quando o marido chegar, ouve pacientemente suas insatisfações, é capaz de compreender uma noite de sexo meia-bomba e tudo isso sem a ajuda da super nanny. Quem precisa de super babás?? E pensar que o Batman era barrigudo (quem viu a primeira versão há de concordar comigo) e ainda era montado na grana... hunf!! Mas voltando a questão "salvar o planeta", depois de crescida e consciente de que a escolha do meu papel na sociedade não me daria super poderes eu naturalmente passei a voltar minha atenção àquilo que me daria mais prazer em fazer, por assim dizer. Acabei por chegar a conclusão de que nenhuma das profissões de que tenho conhecimento me agradariam de todo. Nunca tive aquele brilho no olhar e tampouco suspirei me imaginando jornalista, advogada, professora, médica, bibliotecária (alguém sonha com isso??), relações públicas, atriz, desenhista, mãe-de-santo, escritora, etc.. Não, nada disso. O que sinto é um enorme prazer em observar e tentar entender o universo alheio. Me delicio observando cada pequeno detalhe de movimentos e me agrada tentar analisar e mostrar algum outro possível aspecto, lado, saída ou qualquer coisa do gênero pra quem estiver disposto a escutar uma segunda opinião. Me desligo do resto do mundo fazendo perguntas, testando paciência, vaidades, me sinto um radar captando informações e aguardo ansiosa por uma reação. Contudo, sou completamente avessa a julgamentos. Na verdade o que mais me encanta é a beleza na peculiaridade de cada um. Material pra isso nunca falta. Basta ter alguém por perto e um canal de comunicação aberto pra que minhas anteninhas entrem em ação. Há também outra coisa que me alegra muito nessa estória toda, mesmo isso não constando de nenhuma grade curricular, que é poder trabalhar meu senso de justiça e respeito a partir dessa observação da natureza do outro. Meu prazer não reside somente no contato com o universo alheio, mas na capacidade de absorver o que me é mostrado e entender isso sempre como uma grande lição. Há sempre uma troca. Seja pra um grande amigo ou pra um desconhecido, a atenção e o respeito dedicados são sempre os mesmos. Infelizmente a maioria de nós tende a crer que só se é possível extrair e descobrir coisas interessantes, belas e inteligentes de determinados "tipos". Tive a chance de trocar uma idéia com um mendigo certa vez. Eu ofereci bolo a ele e conversamos um pouco. O bem-estar em perceber nele a sensação de ser alguém visível é algo que não dá pra descrever. Me pergunto o quanto a mais nós ganharíamos em matéria de satisfação, capacidade de respeito e autoconhecimento não fosse nossa incrível inclinação pra conceituar de antemão tudo e todos como se fôssemos a experiência em pessoa. Ser preconceituoso é abster-se da possibilidade de enxergar tanta beleza quanto podemos imaginar. É como se permitir um só estilo musical, um só gênero de filme, uma só cor, uma idéia apenas. Ter ciência da capacidade que temos de poder experimentar melhor a vida não é um super poder, mas me faz sentir uma maravilha de mulher e até que, quem sabe, reconheçam e inventem um nome pra profissão que mais me realiza eu vou levando a vida nesse amadorismo meu, com direito a laços de amizade, vôos invisíveis ao mundo alheio e um certificado de pessoa super. Super melhor hoje do que ontem, super curiosa, observadora, palpiteira... rs rs

ps- Esse texto foi extraido de um antigo blog meu, mas gosto tanto dele que carreguei pra cá.
Wonder Womaaaaaaaaaaaaan!! :p

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Alegria é muito mais do que parece

Ao ver manchas brancas cortadas de raios de Sol num fim de tarde não há como não me emocionar. A alegria me toma e tenho noção da sorte de enxergar além daquilo que os olhos podem ver. Emoção que desejo compartilhar imediatamente. Acho que contemplar o céu é como uma dica pra aprender a apreciar mais a si mesmo. A gente se desperta por dentro percebendo que há coisas lindas engavetadas, adormecidas e cheias de luz. Quando a pele vai ficando quentinha com os raios de um Sol de fim de tarde, outras janelas do corpo se abrem e harmonicamente você se transforma emanando amor e iluminando o coração. Brota-se o sorriso, os olhinhos se enchem d'água e rega-se a alma. É a Nossa fotossíntese. Tão vital, tão gostosa de se processar.
Beleza não é coisa rara. Basta saber olhar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Entre o sono e o sonho


"Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim."